3 de dez. de 2023

quase uma cirurgia

 


O bichinho da costura sempre me pica quando identifico necessidades na minha vida em que um projeto de repente se encaixa. Sou formada em Hotelaria e pra me dar uma força na profissão, estou fazendo um curso on-line de Hotelmanagement. Para isso estava usando o meu iPad mini numa capa velha, que foi comprada às pressas, obedecendo não apenas o critério de proteger meu tablet, mas também mantendo-o de pé para ver filmes em longas viagens. Com o tempo, a capa sujou e se desgastou. O fato de eu não ter costurado uma capa pro meu iPad me incomodava.




Era o momento de se fazer uma pausa nos estudos e mudar isso. Confesso que o fato de ter o iPad nessa capa era muito prático, porque ela oferecia uma estabilidade que é difícil de se conseguir costurar em casa. Resolvi então, usar todos os elementos como molde para reproduzir a capa em um novo projeto e para isso eu precisei desmontar a capa cuidadosamente. Foi tão trabalhoso que parecia quase um procedimento cirúrgico: 

 
Ao separar forros, tecidos e elásticos, me deparei com a sujeira desse produto made in China: cola pra fixar os elásticos, além de um forro sujo pelo tempo e de pouca qualidade. De toda a capa mantive o clip traseiro que mantém a capa e o tablet em pé. Especialmente desafiador foi fixar o encontro dos dois tecidos: o externo e o interno. Percebi mais tarde em pleno domingo de lojas fechadas que não tinha mais elásticos e precisei usar também os elásticos originais. 


Substituí o forro interno por um novo, assim como a entretela de papel que dá a estabilidade à capa, mantendo-a em pé com produtos alemães que já tinha aqui guardado em casa há anos. Segui usando um tecido usado pra minha bolsa de água quente costurada semanas atrás e usei uma etiqueta de papel lavável pra parte frontal cortada em formato de coração com a ajuda de um pequeno acessório de lojas de papelaria. 



Pronto: após alguns tropeços consegui reproduzir a capa, com toda a flexibilidade de posicionar meu iPad em um formato horizontal ou vertical, como um livro. Tudo isso com um tecido novo, limpo e com meu toque pessoal. Estou satisfeita e posso voltar a estudar:

















25 de nov. de 2023

primeiro quilt

 


Não cheguei aos 40 mas estou quase lá e não sei quando chega a idade de sentir frio o tempo todo. De fato, sou sempre a primeira a passar frio. Com a intenção de mudar isso e ficar quentinha neste outono, arranjei uma bolsa de água quente e decidi costurar um quilt pra ela. Usando um antigo forro de pelúcia comprado pra um capuz de um moletom costurados anos atrás e um molde basicão de coração para iniciantes, achei aí uma desculpa pra costurar de novo nessa vida. 



O molde é da Funkelfaden, porém em alemão mas o vídeo é super fácil de entender. Sonho em um dia costurar uma colorida colcha de cama com estes corações. Sonho também em ter tempo pra isso. O último post decidido a retomar o blog foi no verão e o natal está chegando. Já tive férias duas vezes e a mente só quer descansar e fazer nada. Repor a mente de dias sem preocupações nos dias atuais só parece possível quando não faço nada, leio um livro, pratico minhas corridas ou medito. Está difícil recolocar a costura como terapia e válvula de escape na minha vida. 


Estou quentinha e satisfeita com a bolsa de água quente, que relaxa antes de dormir e pode ser feita por mim mesma, como deve ser. Afinal, pra que comprar se eu mesma posso costurar uma?


13 de ago. de 2023

Bastidores no primeiro ato

 


A minha pausa trouxe grandes aprendizados. A fé, como sempre deve estar ao nosso lado, se fez presente. Fiz um cantinho pra nossa senhora. Cantinho este que antes era pra pedir, se tornou um cantinho pra se agradecer. 

O bordado me remete à lembrança das tias no nordeste que sentavam na entrada das casas, no chato mesmo com sua temperatura refrescante no sertão, bordando toalhas de mesa encantadoras. Os pontos eram outros e eram muitos. Meus quadrinhos são singelos perto do empenho delas, mas aquecem meu coração mesmo com sua simplicidade. 






E como contei no último post, achei nas minhas coisas do cantinho da costura anterior um relógio que fiz no quadro bastidor com cores e botões não mais de acordo com a atual decoração da minha casa. Hoje em dia, ele era pra mim quase infantil. Eu o desmontei e utilizei o Quartz pra um novo relógio pra minha sala. 


Confesso que amo o processo talvez mais que o resultado. Terminar um projeto é quase se despedir dele, uma vez que ele se torna útil pra mim ou um presente. Ali acaba a terapia que o processo da costura e do bordado proporciona. 






E assim me despeço dos primeiros projetos deste retorno. O próximo está em andamento e a terapia segue neste momento consigo mesma, de concentração e apreço às lembranças da infância que transporta, amor e cuidado aos quadrinhos e projetinhos de costura em geral. 


27 de jul. de 2023

o novo velho cantinho da costura




Já houveram duas mudanças desde o último post, há 5 anos. O amor pela costura é o mesmo, só vieram novos desafios. Inúmeras tentativas ocorreram de retomar o hobby, que se expressou em projetos pequenos. Em sua maioria das vezes atendia necessidades do dia-a-dia. Isso vale um post, mas não tem como comparar com a intensidade e quantidade dos projetos que passaram aqui antes. 


A máquina de costura é a mesma: minha Singer Brillance. A ganhei no natal de 2017 e ela segue firme e forte. Os acessórios são os mesmos. A mesa de costura fica ao lado da mesa de escritório, levemente escondido pela estante de livros que separa os ambientes. Ainda tenho a sensação de que preciso deixar a mesa livre e o espaço ainda merece uma estante. 





Eu ainda me sinto tímida ao escrever mas recordo aqui a boa sensação de escrever e expor os pensamentos. É algo quase nostálgico, uma vez que tantas tecnologias e redes sociais substituem formas de se expressar sendo tão ágeis e de tanto alcance. Retomar um blog antigo é desafiador e contra as tendências. Não sei como começar mas já consigo sentir. Enquanto for sincero, ele existe. 
Já tive antes uma loja onde vendia artigos feitos à mão. O portal de vendas alemão foi vendido à gigante Etsy. Entre tantos hobbies que tenho, meu trabalho e compromissos, acho improvável voltar a vender. Ainda sou resistente a lutar com hashtags e parcerias no Instagram, onde tenho uma visão muito negativa de como o mundo é mostrado ali. Decidi então escrever com o coração e que a minha palavra alcance que, tiver que alcançar. 
Retomar o blog me impulsiona a abrir as gavetas, visitar as lojas de tecidos, desorganizar a mesa de trabalho, pensar em ideias novas. Algumas já estão a caminho e as dividirei aqui. 


Encontrei nas caixas esse relógio de parede montado num quadrinho bastidor. As cores não combinam mais com o novo cantinho da costura e estive tentando desmontá-lo pra fazer um novo, sem sucesso. Seria uma sinal? O quartz está tão ajustado que não sai mais. Justo em um relógio, que pressupõe paciência e o momento certo. Quem sabe, em algum momento, ele se torna um post. 


Eis aqui a minha primeira tentativa de me reencontrar em algo que tanto me define.